domingo, 27 de maio de 2007

José Garcia de Christo

José Garcia de Christo (1867-1919), pianista e compositor que atuou nos salões cariocas como pianeiro. Compôs valsas, polcas e schottischs publicadas por diversas casas editoras cariocas. Sua obra parece que foi editada quase que exclusivamente para piano-solo, ou piano e canto. Em um artigo publicado na Revista Musical Brasileira N. 5, no capítulo "O piano e os pianeiros", de autoria do Prof. Aloisio de Alencar Pinto, cujo trecho é reproduzido abaixo, há uma referência ao compositor em apreço:

"Brasílio Itiberê, na sua famosa conferência Ernesto Nazareth na Música Brasileira, descreve com uma verve extraordinária o que era a figurinha desses músicos populares, e esclarece: "Esse pianeiro carioca teve um relevo e uma função social muito importante nesse velho e ditoso 1900. Ele era o pivot de todas as cerimônias sociais: bailes, batizados, aniversários e casamentos. Esse pianeiro, dengoso e macio, por quem as meninas se apaixonavam e que tocava a Dalila, é uma tradição que desapareceu. A técnica brutal de percussão do piano de jazz deturpou e matou o último pianeiro carioca." E conclui: "Só quem ouviu tocar um Aurélio Cavalcanti, o Porfírio da Alfândega, o Chirol, o Garcia Cristo, ou o Xandico, — pode ter uma idéia bem nítida de que foram esses beneméritos e analisar a importância de sua função social."

A polca denominada Girondinos, de autoria de Christo, faz parte do bailado Sarau de Sinhá, em um arranjo para piano a 4 mãos. O Sarau de Sinha é uma suite, um conjunto de danças arranjadas para 2 pianos pelo Prof. Aloysio de Alencar Pinto. É um pequeno balé, um balé em uma parte, uma espécie de divertimento coreográfico sobre cenas de uma festa no Rio de Janeiro antigo. Nesse balé, estão algumas danças do séc. XIX, danças européias aclimatadas no Brasil, como a Polca, a Schottisch, a Contra-dança, a Valsa. Esta polca foi dedicada ao clube carnavalesco Girondinos. Sobre essa agremiação esclarece o historiador Nelsinho Crecibeni, autor do livro "Convocação geral: a folia está nas ruas":

"Nessa época não se usava música nacional, utilizava-se a polca, a quadrilha, os xotes, músicas de origem européia. Isso nos salões, porque praticamente não havia manifestações na rua. Os grupos que saíam à rua iam na intenção de, logo na seqüência, dirigirem-se a um salão, onde aconteciam as grandes manifestações carnavalescas na cidade", explicou Crecibeni, lembrando de grupos da época, como Tenentes do Diabo, Tenentes de Plutão, Fenianos e Argonautas. Eram sociedades que existiam em São Paulo e, simultaneamente, no Rio de Janeiro", acrescentou. Já o Girondinos reunia, na mesma época, a elite intelectual paulistana. Formado por jornalistas, estudantes e pessoas ligadas à política, o grupo tirou seu nome de um café famoso na época, que ficava na junção da Praça da Sé com a rua XV de Novembro, onde se localizavam as redações dos grandes jornais e ocorriam as maiores manifestações políticas".

Algumas edições em notação moderna estão nos endereços abaixo:

01.Girondinos (polca)
02.Idyllios D'Amor (valsa)
03.Pense á Moi (valsa)
04.Sorrisos de Anjo (valsa)

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