Johann Sebastian Bach
Score.ePartitura continua com sua tradição de excelência brindando os entusiastas por música, com vibrantes e excitantes trabalhos para teclado, dos mais talentosos compositores dos Séculos XVIII e XIX. Criou virtuais performances usando MIDI e sounfonts de órgãos, pianos e cravos. Confira a relação das músicas:
Wachet auf, ruft uns die Stimme, BWV 645 (2:10)
Meine Seele erhebt den Herren, BWV 648 (1:15)
Gottes Sohn ist kommen, BWV 600 (1:27)
Duetto I, BWV 802 (2:49)
Duetto II, BWV 803 (3:12)
Duetto IV, BWV 805 (4:14)
Duetto III, BWV 804 (2:29)
Sonata BWV525 Mvt. III Allegro (4:45)
Prelude in D Minor BWV539 (3:50)
Wolfgang Amadeus Mozart
Serenade II, Allegro (2:59) - esta peça faz parte dos cinco Divertimentos que Mozart tocava em casa com seus amigos.
Esses divertimentos foram transcritos para piano por um anônimo e ficaram conhecidos como as Seis Sonatinas Vienenses (Six Viennese Sonatinas).
As Seis Sonatinas (versão completa) podem ser baixadas, no formato MIDI, no site BV Música.
Foram utilizados soundfonts na emulação dos clarinetes usados para a execução do Allegro dessa serenata.
Carlos Seixas
Compositor português contemporâneo de Domenico Scarlatti que escreveu muitas peças para orgão e cravo.
Abaixo, duas tocatas (inéditas) extraídas do manuscrito da coleção de 12 Tocattas per Cembalo encontradas na Biblioteca Nacional de Portugal.
Tocatta Nº4 (4:30)
Tocatta Nº2 (2:41)
Reserve um tempo para ouvir estas brilhantes peças barrocas na sonoridade de um cravo eletrônico. Score.ePartitura agradece a BN de Portugal pela permissão de uso da edição facsimilada do manuscrito pertencente ao seu acervo.
Clique aqui para baixar/ouvir os arquivos MP3 (192 kbps).
quarta-feira, 6 de junho de 2007
terça-feira, 5 de junho de 2007
Brício de Abreu: Artigo sobre Ernesto Nazareth
CENTENÁRIO DE ERNESTO NAZARETH
O Brasil inteiro comemora o centenário do nascimento de Ernesto Nazareth. Conheci-o em 1924. O nosso grupo de boêmios e jornalistas, semanalmente, reunia-se em casa do Dr. Bandeira de Gouveia, na Rua Buarque de Macedo. Eram reuniões de poesia, canto e ternura. Nascimento Filho (barítono), Lulu Vidal (o Barão), Thedim Lobo, Gomes Leite (poeta que morreu moço por atropelamento), Carlos Frederico da Silva, Agenor Chaves, às vezes Moacyr de Almeida (meu companheiro em “A Tribuna”), Afonso Lopes de Almeida, Álvaro Guanabara, Cláudio Manuel e tantos outros. Uma noite. Mme. Bandeira de Gouveia apresentou-nos Ernesto Nazareth. Cabelos grisalhos já penteados da direita para a esquerda, tal como vemos na foto de 1926 que publicamos, gordo, de estatura mediana. Foi uma noite memorável, em que Nazareth tocou várias de suas músicas, só parando para ceder lugar a um brasileiro magro, esquálido, de nome alemão, que morava lá em Santa Teresa, e que era louco por música popular. Taí a única vêz que tive contacto com o mestre que falava calmo e simples, e que era de uma modéstia que impressionava. Lembro-me de que Agenor Chaves, num grupo que formamos em redor do mestre, perguntou-lhe como iniciara a sua vida de compositor. Nazareth sorriu e timidamente contestou:
Detesto falar de mim. Mas, se quer saber alguma coisa a meu respeito e o que penso, aqui tem uma entrevista que me arrancaram à força, na semana passada, em São Paulo, para a “Folha da Noite”.
E, tirando do bolso uma folha de jornal, dobrado, deu-a a Agenor Chaves. Nos meus apontamentos consta: ...”Como estamos a 28 de Setembro de 1924, o artigo deve ter sido publicado na segunda semana deste mês. Ver em São Paulo”. Nunca pude fazê-lo, mas quando for à capital paulista, procurarei e ainda hei de ver o que diz essa entrevista, Em todo caso, aqui fica a indicação aos rebuscadores.
A impressão que nos ficou daquela noite foi imensa e dura ainda até hoje. Nazareth não se parecia com nenhum outro pianista quando tocava E, creio que freqüentávamos todos os que eram conhecidos e populares naquela época. Bevilacqua, em artigo (7-8-62), diz ter ele “molde muito típico, característico, com forma fixando um jeito de fatura curiosa pianística, cheia de graça, de vivacidade, com sabor nacional”. Em um artigo publicado em 1924 (julho), na “Ilustração Brasileira”, a pedido de Álvaro Moreyra, depois transformado em conferência e em capítulo do seu livro “Música, Doce Música” (S. Paulo, 1934), Mário de Andrade afirma que ...”no entanto , se é certo que a obra de Ernesto Nazareth tem uma boniteza, uma dinâmica fora do comum, e ela apareceu e se desenvolveu no momento oportuno, não compreendo bem com é que se tornou popularmente célebre. Se foi oportuno não tem nada de oportunistas nele, e é sabido que nem mesmo a genialidade basta para um indivíduo se popularizar”, para terminar, mais adiante, dizendo ainda sobre sua obra...”é mais artística do que a gente imaginava pelo destino que teve, e deveria estar sempre no repertório dos nossos recitalistas”. Marisa Lira também afirma que ...”dele não se pode dizer apenas que foi um notável compositor ou um grande pianista. É que a sua obra musical de tão bizarra técnica, talvez para dificultar a execução, fê-lo afastar-se do popular e alcançar um popularesco, que em certos casos quase atinge o erudito”. O que é certo é que Ernesto Nazareth foi um dos maiores compositores de seu tempo e sua popularidade corre ainda por todo o Brasil. Exerceu uma influência enorme em toda a sua geração, que lhe tributava uma profunda admiração.
ERNESTO JÚLIO DE NAZARETH nasceu no Rio, no Morro do Nheco (junto ao atual Morro do Pinto), a 20 de março de 1863. Eram seus pais Vasco Lourenço da Silva Nazareth, despachante aduaneiro, e D. Carolina da Cunha Nazareth. Sua primeira professora foi sua própria mãe, mas quem o guiou realmente para o caminho da música (que seu pai era totalmente contra) foi Eduardo Madeira, modesto professor e empregado do Banco do Brasil, como também foi seu professor Lucien Lamberto. Mas essas influências foram rápidas e transitórias. Nazareth foi, realmente, um autodidata. Aos 14 anos, aluno ainda do Colégio Belmonte, na praça Tiradentes, escreveu sua primeira música, intitulada “Você bem sabe”, polca (1877). Foi o próprio Madeira que o levou ao editor Arthur Napoleão, que a publicou, Desde então, pode-se dizer, teve início a sua vida profissional como músico e compositor.
Aos 23 anos, a 14 de julho de 1886, casou-se com D. Theodora Amália de Meirelles, indo morar em São Cristóvão, na Rua São Januário. Nazareth ficou célebre por haver criado o “TANGO BRASILEIRO” (que nada tem a ver com o tango argentino), cujo primeiro “Cruz... Perigo!”, foi composto em outubro de 1879 e publicado pela editora Viúva Canongia. Em 1893, publicou o célebre “Brejeiro”, que vendeu por uma miséria à Casa Vieira Machado, e que foi o maior sucesso de seu tempo tendo recebido letra de Catulo da Paixão Cearense que o rebatizou com o nome de “Sertanejo Enamorado”. Em 1898, realizou o seu primeiro concerto público no salão da Intendência da Guerra, promovido pelo Clube de S. Cristóvão. Em 1907, foi nomeado escriturário do Tesouro, cargo que ocupou por muito pouco tempo, passando a dedicar-se exclusivamente ao ensino particular de piano e a tocar em casas de músicas e em festas particulares, inclusive em cinemas mais tarde, como vimos no Cinema Odeon (1920), na orquestra dirigida pelo italiano Andreozzi (que mais tarde, 1933, fomos encontrar tocando no “Alster Pavillon”, de Hamburgo). Em 1926, Ernesto Nazareth desgostou-se com um artigo publicado pelo crítico Rodrigues Barbosa (foi o próprio crítico quem nos relatou, consta de nossas notas), e aceitou o insistente convite que lhe faziam amigos para ir para São Paulo, onde deu concertos e chegou a ser popularíssimo, também. Voltou para o Rio em 1927. Em 1929 perdeu a esposa. Em 1932 realizou uma “tournée” ao Sul do País.
“Devido a uma queda, dada em menino, conta-nos Andrade Muricy em recente biografia, publicada no Jornal do Comércio (17-3), “sempre teve incômodos nas vias auditivas. Nos seus últimos anos, declarou-se a surdez que chegou a tornar-se grave”. Por fim, uma pertubação cerebral forçou sua internação, primeiro no Instituto Neuro-Psiquiátrico, na Praia Vermelha, e depois na Colônia Juliano Moreira em Jacarepaguá. No dia 1º de fevereiro de 1934, desapareceu no meio da grande mata que cercava o nosocômio, sendo encontrado no dia 4, morto dentro de um reservatório de água, junto a uma cascata. Morreu aos 71 anos e de seu casamento teve 4 filho: Eulina e Diniz, ainda vivos, e Ernesto e Maria de Lourdes, já falecidos. A consagração pública chegou 29 anos depois da morte do compositor carioca.
Fonte: matéria escrita pelo pesquisador Brício de Abreu e publicada em 1963 provavelmente na revista O Cruzeiro. Fotos do seu arquivo particular.
O Brasil inteiro comemora o centenário do nascimento de Ernesto Nazareth. Conheci-o em 1924. O nosso grupo de boêmios e jornalistas, semanalmente, reunia-se em casa do Dr. Bandeira de Gouveia, na Rua Buarque de Macedo. Eram reuniões de poesia, canto e ternura. Nascimento Filho (barítono), Lulu Vidal (o Barão), Thedim Lobo, Gomes Leite (poeta que morreu moço por atropelamento), Carlos Frederico da Silva, Agenor Chaves, às vezes Moacyr de Almeida (meu companheiro em “A Tribuna”), Afonso Lopes de Almeida, Álvaro Guanabara, Cláudio Manuel e tantos outros. Uma noite. Mme. Bandeira de Gouveia apresentou-nos Ernesto Nazareth. Cabelos grisalhos já penteados da direita para a esquerda, tal como vemos na foto de 1926 que publicamos, gordo, de estatura mediana. Foi uma noite memorável, em que Nazareth tocou várias de suas músicas, só parando para ceder lugar a um brasileiro magro, esquálido, de nome alemão, que morava lá em Santa Teresa, e que era louco por música popular. Taí a única vêz que tive contacto com o mestre que falava calmo e simples, e que era de uma modéstia que impressionava. Lembro-me de que Agenor Chaves, num grupo que formamos em redor do mestre, perguntou-lhe como iniciara a sua vida de compositor. Nazareth sorriu e timidamente contestou:
Detesto falar de mim. Mas, se quer saber alguma coisa a meu respeito e o que penso, aqui tem uma entrevista que me arrancaram à força, na semana passada, em São Paulo, para a “Folha da Noite”.
E, tirando do bolso uma folha de jornal, dobrado, deu-a a Agenor Chaves. Nos meus apontamentos consta: ...”Como estamos a 28 de Setembro de 1924, o artigo deve ter sido publicado na segunda semana deste mês. Ver em São Paulo”. Nunca pude fazê-lo, mas quando for à capital paulista, procurarei e ainda hei de ver o que diz essa entrevista, Em todo caso, aqui fica a indicação aos rebuscadores.
A impressão que nos ficou daquela noite foi imensa e dura ainda até hoje. Nazareth não se parecia com nenhum outro pianista quando tocava E, creio que freqüentávamos todos os que eram conhecidos e populares naquela época. Bevilacqua, em artigo (7-8-62), diz ter ele “molde muito típico, característico, com forma fixando um jeito de fatura curiosa pianística, cheia de graça, de vivacidade, com sabor nacional”. Em um artigo publicado em 1924 (julho), na “Ilustração Brasileira”, a pedido de Álvaro Moreyra, depois transformado em conferência e em capítulo do seu livro “Música, Doce Música” (S. Paulo, 1934), Mário de Andrade afirma que ...”no entanto , se é certo que a obra de Ernesto Nazareth tem uma boniteza, uma dinâmica fora do comum, e ela apareceu e se desenvolveu no momento oportuno, não compreendo bem com é que se tornou popularmente célebre. Se foi oportuno não tem nada de oportunistas nele, e é sabido que nem mesmo a genialidade basta para um indivíduo se popularizar”, para terminar, mais adiante, dizendo ainda sobre sua obra...”é mais artística do que a gente imaginava pelo destino que teve, e deveria estar sempre no repertório dos nossos recitalistas”. Marisa Lira também afirma que ...”dele não se pode dizer apenas que foi um notável compositor ou um grande pianista. É que a sua obra musical de tão bizarra técnica, talvez para dificultar a execução, fê-lo afastar-se do popular e alcançar um popularesco, que em certos casos quase atinge o erudito”. O que é certo é que Ernesto Nazareth foi um dos maiores compositores de seu tempo e sua popularidade corre ainda por todo o Brasil. Exerceu uma influência enorme em toda a sua geração, que lhe tributava uma profunda admiração.
ERNESTO JÚLIO DE NAZARETH nasceu no Rio, no Morro do Nheco (junto ao atual Morro do Pinto), a 20 de março de 1863. Eram seus pais Vasco Lourenço da Silva Nazareth, despachante aduaneiro, e D. Carolina da Cunha Nazareth. Sua primeira professora foi sua própria mãe, mas quem o guiou realmente para o caminho da música (que seu pai era totalmente contra) foi Eduardo Madeira, modesto professor e empregado do Banco do Brasil, como também foi seu professor Lucien Lamberto. Mas essas influências foram rápidas e transitórias. Nazareth foi, realmente, um autodidata. Aos 14 anos, aluno ainda do Colégio Belmonte, na praça Tiradentes, escreveu sua primeira música, intitulada “Você bem sabe”, polca (1877). Foi o próprio Madeira que o levou ao editor Arthur Napoleão, que a publicou, Desde então, pode-se dizer, teve início a sua vida profissional como músico e compositor.
Aos 23 anos, a 14 de julho de 1886, casou-se com D. Theodora Amália de Meirelles, indo morar em São Cristóvão, na Rua São Januário. Nazareth ficou célebre por haver criado o “TANGO BRASILEIRO” (que nada tem a ver com o tango argentino), cujo primeiro “Cruz... Perigo!”, foi composto em outubro de 1879 e publicado pela editora Viúva Canongia. Em 1893, publicou o célebre “Brejeiro”, que vendeu por uma miséria à Casa Vieira Machado, e que foi o maior sucesso de seu tempo tendo recebido letra de Catulo da Paixão Cearense que o rebatizou com o nome de “Sertanejo Enamorado”. Em 1898, realizou o seu primeiro concerto público no salão da Intendência da Guerra, promovido pelo Clube de S. Cristóvão. Em 1907, foi nomeado escriturário do Tesouro, cargo que ocupou por muito pouco tempo, passando a dedicar-se exclusivamente ao ensino particular de piano e a tocar em casas de músicas e em festas particulares, inclusive em cinemas mais tarde, como vimos no Cinema Odeon (1920), na orquestra dirigida pelo italiano Andreozzi (que mais tarde, 1933, fomos encontrar tocando no “Alster Pavillon”, de Hamburgo). Em 1926, Ernesto Nazareth desgostou-se com um artigo publicado pelo crítico Rodrigues Barbosa (foi o próprio crítico quem nos relatou, consta de nossas notas), e aceitou o insistente convite que lhe faziam amigos para ir para São Paulo, onde deu concertos e chegou a ser popularíssimo, também. Voltou para o Rio em 1927. Em 1929 perdeu a esposa. Em 1932 realizou uma “tournée” ao Sul do País.
“Devido a uma queda, dada em menino, conta-nos Andrade Muricy em recente biografia, publicada no Jornal do Comércio (17-3), “sempre teve incômodos nas vias auditivas. Nos seus últimos anos, declarou-se a surdez que chegou a tornar-se grave”. Por fim, uma pertubação cerebral forçou sua internação, primeiro no Instituto Neuro-Psiquiátrico, na Praia Vermelha, e depois na Colônia Juliano Moreira em Jacarepaguá. No dia 1º de fevereiro de 1934, desapareceu no meio da grande mata que cercava o nosocômio, sendo encontrado no dia 4, morto dentro de um reservatório de água, junto a uma cascata. Morreu aos 71 anos e de seu casamento teve 4 filho: Eulina e Diniz, ainda vivos, e Ernesto e Maria de Lourdes, já falecidos. A consagração pública chegou 29 anos depois da morte do compositor carioca.
Fonte: matéria escrita pelo pesquisador Brício de Abreu e publicada em 1963 provavelmente na revista O Cruzeiro. Fotos do seu arquivo particular.
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